segunda-feira, 27 de abril de 2015

Odes


Falem-me coisas
as coisas boas 
e também as más
mas falem
digam dos motivos
porque se criam 
as coisas
que para lá
há uma imensidão
do cosmos que espera 
por odes
a todas as coisas

Em uníssono
cantemos ao vento
sobre os ventos passados
e até os futuros
que os ecos vindouros
chegaram
e arrumaram-se
junto de todos
que somos NÓS

Mas falem
digam as coisas
sem segredos
que os silêncios
tais carícias
a afagar-nos
por dentro
podem ser 
maliciosos
quando ruidosos
a uma só voz

Dolores Marques 2015

domingo, 26 de abril de 2015

Ser grande é não ter tamanho

As pessoas podiam ser grandes
Deviam ser, sem reservas, maiores do que o corpo que vestem
As pessoas deviam ser grandes
E ser grande é não ter tamanho.

As pessoas compram casas grandes, paredes meias com o corpo
Para mostrarem que o seu corpo é grande
E pensam que isso é importante

Mas somos todos pequenos por fora
E o tamanho que as pessoas pensam que têm
É só o tamanho das coisas que mostram
E coisas assim têm a alma pequena.

As pessoas compram casas grandes
Porque não sabem, que são maiores que as casas que compram.

As pessoas podiam ser grandes
E ser grande, é não ter tamanho por dentro.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

quinta-feira, 23 de abril de 2015

a alma em devaneio...



quantos lírios e quantas rosas
quanto amor ardente, frenesim
tantas noites d'amor generosas
passadas, que te dei e tu a mim

foram doces as voltas do amor
hoje as descrevo com saudade
beijos, o cheiro do amor ao redor
o fogo quente que era eternidade

ai... se fosse esse tempo agora!
em teus braços feliz, cada aurora
ver o teu olhar brilhar sem fim

este amor que o tempo invejou
pra longe dessas noites nos levou
passadas, que te dei e tu a mim

natalia nuno

terça-feira, 14 de abril de 2015

Quão fundo é o areal de pedra e sargaço


Quão fundo é o areal de pedra e sargaço
por onde adormece o cansaço dos meus passos
abandonados ao perfume salinizado  dos mares
e ancorados ao pontão das longínquas memorias

Perdem-se no murmurar surdo dos temporais
o eco das palavras multíplices de desejo
que anoiteceram  na quentura ausente dos corpos
das diáfanas caricias  memoriais do tempo

E na boca de todos os infernos, pernoitam
os pedaços de silêncios adormecidos
e nas vagas chamuscadas do olhar persiste
a cor vermelha das malvas e o tilintar 
dos suspiros fatigados na tez acerejada da pele


Escrito em multi datas

quinta-feira, 9 de abril de 2015

sou ainda jovem...


sou ainda jovem
como jovem é a primavera
sou águia que espera
pelas ondas do vento
que me levam ao sonho
caindo lentamente no azul
desprendida do pensamento
ave distante que desvanece
na linha do poente,
em mar transparente
na quietude do entardecer
e nos sonhos me perder.

e a vida como se nova fosse
bela e doce
só felicidade
como se nunca mais pudesse ser
apenas saudade…

natalia nuno
rosafogo
imagem da net